As ruas da cidade me deixam gelado e cansado.A cidade é uma praia
urbana revestida em areias de cimento. Tento acender o amor sob a
chuva. A cidade é fria, gelada e bem longe da vida. Na cidade só há
coisas vulgares, que não deixam saudades, só lembranças que doem.
Precisamos viver na cidade, mas tudo o que entregamos é o corpo. A vida
na cidade é tão cheia de pouca sorte... Quero sair da cidade, sair
daqui, alcançar horizontes de paz, ficar perto do pulsar do sangue
quente e encostar as mágoas no ombro que nos afaga as dores, que nos
arrefece a raiva e nos limpa o ódio. Cansei de repousar sobre o mármore e
ver tantas imagens doloridas, tanta, tanta dor. Não quero ouvir
palavras perdidas, não quero ser só por ser, querer para morrer. Não vou
para lugar nenhum - não tenho para onde ir... Não me escondo. A cidade é
um fantasma que me desperta de mais um sono... Não durmo, não descanso,
não procuro mais o sossego. A cidade é o nó na garganta, o ruído,
sentimento - amor e ódio ao mesmo tempo - que me faz seguir em frente.
Ferido e assustado como um cão, vou vivendo e me perdendo por aí...
Nenhum comentário:
Postar um comentário