segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pobre Diabo, que é chamado de tudo quanto é nome: Satanás, filho da puta, filho do cão, macaco lascivo, Anticristo… Mas o Diabo talvez não seja tão mal assim: tem um teto, pão, muito vinho, mulheres. O Diabo é esperto, sabe que a Igreja guarda presentes mais úteis aos cristãos pecadores do que aos santos de gesso. O Diabo é o caçador que ronda quando os outros dormem, aquele que não necessita de sentinelas que o ampare nem de proclamações constitucionais que lhe concedam direitos que ele sabe conquistar pelos seus próprios meios. Não é duro nem cruel: o forte não precisa de o ser, embora saiba sê-lo sem remorsos. O Diabo não quer o poder, que nada mais é do que delegação e impotência próprias. O Diabo sai para fora a tentar alguma coisa, jogar dados com algum cristão incauto. A seu modo, o Diabo é um homem de valor. Se não tivesse abraçado tão apaixonadamente as  ambições e valores do rebanho, poderia ter chegado a ser amado.

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