Pobre Diabo, que é chamado de tudo quanto é nome:
Satanás, filho da puta, filho do cão, macaco lascivo, Anticristo… Mas o
Diabo talvez não seja tão mal assim: tem um teto, pão, muito vinho,
mulheres. O Diabo é esperto, sabe que a Igreja guarda presentes mais
úteis aos cristãos pecadores do que aos santos de gesso. O Diabo é o
caçador que ronda quando os outros dormem, aquele que não necessita de
sentinelas que o ampare nem de proclamações constitucionais que lhe
concedam direitos que ele sabe conquistar pelos seus próprios meios. Não
é duro nem cruel: o forte não precisa de o ser, embora saiba sê-lo sem
remorsos. O Diabo não quer o poder, que nada mais é do que delegação e
impotência próprias. O Diabo sai para fora a tentar alguma coisa, jogar
dados com algum cristão incauto. A seu modo, o Diabo é um homem de
valor. Se não tivesse abraçado tão apaixonadamente as ambições e
valores do rebanho, poderia ter chegado a ser amado.
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