Gosto do profano, não gosto do sagrado. Quando penso em Deus e todos os
seus decanos - Cristo, Maria, São Sebastião, Santa Lúcia, o Arcanjo
Gabriel - vejo a dor. Prefiro os demônios sorridentes, os únicos que
sorriem na iconografia cristã. Sorridentes porque, nas velhas gravuras,
espetam tridentes na pele dos condenados, derramam caldeirões de água
fervente, violam mulheres, se embriagam, gozam a
liberdade proibida aos santos. Prefiro o gozo de Lúcifer ao sangue do
Cristo crucificado; prefiro as vísceras conservadas em litros de álcool
às lágrimas da Virgem. Os cristãos têm apenas o prazer da devoção - ou
submissão. Os pagãos, com seus olhos pintados, preferem as putas, as
carícias, o incenso, os cultos proibidos, a liberdade. Os anjos não têm
sexo e todos os demônios são fêmeas.
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