Viva a Liberdade é mais um belo filme que confirma o retorno do grande
cinema italiano, que levou o Oscar este ano com o belíssimo A Grande
Beleza. Dirigido com elegância por Roberto Andò, desconhecido no
Brasil, o filme fala sobre política, amor, desencanto e cinema, mas de
uma maneira muito discreta e singela. Muitos classificam Viva a
Liberdade como comédia, que não faz rir, mas provoca belos sorrisos no
espectador. O fio condutor da trama é a política, quer dizer, a
decadência dos partidos da Itália.
O personagem central é o principal líder da esquerda italiana, sufocada pela crise econômica e política da Europa. Enrico Oliveri, interpretado pelo grande ator Tom Servillo, acuado e sem saída para o partido que lidera, entra em depressão e, simplesmente, some, deixando seus auxiliares em pânico. E é aí que surge o seu irmão gêmeo Giovanni Ernani, Servillo, de novo, professor universitário, recém-saído de uma clínica psiquiátrica. Ernani assume o lugar do irmão político e, com seu comportamento excêntrico, seduz o partido, a imprensa e, por fim, o povo. Curiosamente, Giovanni Ernani não se coloca como impostor, em nenhum momento finge ser o seu irmão político, pelo contrário, pois, sempre se comporta e age como ele mesmo, fiel às suas ideias, que salvam o partido, oposição ao governo, possivelmente, conservador, mas isso o filme não diz, deixa no ar...
Enquanto Giovanni Ernani aproveita a súbita fama, o outro irmão, Enrico Oliveri, passa a reavaliar a própria vida, se exilando na casa do grande amor de sua vida, Danielle, agora casada com um cineasta famoso. Enrico passa a viver no mundo que sempre amou de verdade, o cinema. Enrico, longe da política, revisita o passado e reaprende a viver, ao mergulhar nos bastidores de filmagens de uma produção local, em que ele arranja um bico como auxiliar.
Em Viva a Liberdade observamos o cotidiano do cinema e da política - opostos, mas ao mesmo tempo, muito parecidos um com o outro. Mas o mais notável é perceber que o filme fala sobre a crise masculina da meia idade, como a solidão, a carência e a vontade de mudar, de ter uma segunda chance. A angústia masculina é - e sempre será - de ordem amorosa. Nós, homens, ainda temos vergonha de sofrer por quem amamos. Enrico, foge para se encontrar consigo mesmo; Giovanni, não foge de nada, não tem medo de ser o que sempre foi.
A política, em Viva a Liberdade, é apenas uma convenção, um jogo de aparências, em que basta estar nos momentos certos e dizer o que todos querem ouvir. Giovanni e Enrico, são a mesma face de sentimentos que se opõem e se completam. Mais tarde, ficamos sabendo que os dois irmãos guardavam um segredo de juventude.
Viva a Liberdade é um filme melancólico, mas nunca triste, maduro, que fala sobre sentimentos, que estão na política, no cinema, em qualquer lugar. Tom Servilo recupera a mística do personagem de A Grande Beleza, Gep Gambardella, sem se repetir, numa atuação perfeita, fazendo os dois irmãos gêmeos, um, depressivo; o outro, bipolar.
Viva a Liberdade lembra o cinema de Nanni Moretti, de O Quarto do Filho, na sua abordagem bem humorada, mas também crítica, da política e da sociedade. Mas Viva a Liberdade não faz um acerto de contas com a política, faz, na verdade, as pazes com a vida, cheia de dúvidas, frustrações, amores e desamores. O final é muito bonito. Eu gostei muito deste filme.
O personagem central é o principal líder da esquerda italiana, sufocada pela crise econômica e política da Europa. Enrico Oliveri, interpretado pelo grande ator Tom Servillo, acuado e sem saída para o partido que lidera, entra em depressão e, simplesmente, some, deixando seus auxiliares em pânico. E é aí que surge o seu irmão gêmeo Giovanni Ernani, Servillo, de novo, professor universitário, recém-saído de uma clínica psiquiátrica. Ernani assume o lugar do irmão político e, com seu comportamento excêntrico, seduz o partido, a imprensa e, por fim, o povo. Curiosamente, Giovanni Ernani não se coloca como impostor, em nenhum momento finge ser o seu irmão político, pelo contrário, pois, sempre se comporta e age como ele mesmo, fiel às suas ideias, que salvam o partido, oposição ao governo, possivelmente, conservador, mas isso o filme não diz, deixa no ar...
Enquanto Giovanni Ernani aproveita a súbita fama, o outro irmão, Enrico Oliveri, passa a reavaliar a própria vida, se exilando na casa do grande amor de sua vida, Danielle, agora casada com um cineasta famoso. Enrico passa a viver no mundo que sempre amou de verdade, o cinema. Enrico, longe da política, revisita o passado e reaprende a viver, ao mergulhar nos bastidores de filmagens de uma produção local, em que ele arranja um bico como auxiliar.
Em Viva a Liberdade observamos o cotidiano do cinema e da política - opostos, mas ao mesmo tempo, muito parecidos um com o outro. Mas o mais notável é perceber que o filme fala sobre a crise masculina da meia idade, como a solidão, a carência e a vontade de mudar, de ter uma segunda chance. A angústia masculina é - e sempre será - de ordem amorosa. Nós, homens, ainda temos vergonha de sofrer por quem amamos. Enrico, foge para se encontrar consigo mesmo; Giovanni, não foge de nada, não tem medo de ser o que sempre foi.
A política, em Viva a Liberdade, é apenas uma convenção, um jogo de aparências, em que basta estar nos momentos certos e dizer o que todos querem ouvir. Giovanni e Enrico, são a mesma face de sentimentos que se opõem e se completam. Mais tarde, ficamos sabendo que os dois irmãos guardavam um segredo de juventude.
Viva a Liberdade é um filme melancólico, mas nunca triste, maduro, que fala sobre sentimentos, que estão na política, no cinema, em qualquer lugar. Tom Servilo recupera a mística do personagem de A Grande Beleza, Gep Gambardella, sem se repetir, numa atuação perfeita, fazendo os dois irmãos gêmeos, um, depressivo; o outro, bipolar.
Viva a Liberdade lembra o cinema de Nanni Moretti, de O Quarto do Filho, na sua abordagem bem humorada, mas também crítica, da política e da sociedade. Mas Viva a Liberdade não faz um acerto de contas com a política, faz, na verdade, as pazes com a vida, cheia de dúvidas, frustrações, amores e desamores. O final é muito bonito. Eu gostei muito deste filme.
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