domingo, 7 de abril de 2013


Neste texto, nada burilado, aproveito para fazer um desabafo tão inútil quanto um grafite na parede: há algo de muito errado com a sociedade brasileira. O acidente no viaduto do Rio que matou sete pessoas, deixando, inclusive, mais quatro gravemente feridas, não foi um acidente, foi um crime, causado pelo péssimo comportamento da própria sociedade, no caso, do motorista - com duas passagens pela polícia -  e de um passageiro, segundo o depoimento de testemunhas, um playboy esquentidinho - que também tem ficha suja na polícia - que resolveu agredir o motorista displicente. Mas este não é um caso isolado, é flagrante o comportamento cada vez mais hostil das pessoas, de todos os sexos, classes e idades, na rua, no trânsito, nas escolas, enfim, em todos os lugares. Canso de ver as atitudes antipáticas, estúpidas das pessoas nos transportes públicos que eu uso - metrô, ônibus, vans, barcas. É um martírio, isso sem falar do trânsito, atrevessar uma rua é uma preocupação constante. Nas ruas, pessoas grosseiras, de cara feia, cheias de empáfias e imposturas. E o acidente com o microonibus é fruto desta incivilidade, claro que há outros motivos indiretos, como a falta de fiscalização dos ônibus, por exemplo, mas o motivo maior foi a truculência de todos nós. O mesmo eu posso dizer de outro filhinho de papai, pois é, mais um, que atropela um trabalhador, arranca-lhe o braço e foge, jogando o membro da vítima na vala, coisa que nunca vi nem nos filmes de terror mais trash. Tem ainda o incêndio na boate do Rio Grande do Sul causada por um rojão - jogar fogos num ambiente fechado??? O triste é saber que estas tragédias não repercutem da meneira que se devia no seio da sociedade, com certeza anestesiada com sua própria torpeza e insensibilidade. Hoje, completa dois anos um dos acontecimentos mais tristes da história do Rio de Janeiro: o massacre promovido por um jovem, cheio de ódio, não importa saber se ele era louco ou não, que vitimou dezenas de crianças de uma escola secundária de Realengo. A dor, após dois anos, continua. Já a tragédia de São Paulo, em que um estudante universitário, pois é, outro, chacinou espectadores de uma sessão de cinema, já foi esquecida faz tempo... Esses casos, curiosamente, não acontecem nem em países "subdesenvolvidos" e extremamente violentos como Venezuela, África do Sul ou Guatemala. Nossa brutalidade copia até tragédias de outros países, como EUA. Mas, no fundo, não é imitação, é simplesmente violência em seu estado mais bruto, conectada com aquilo que há de pior em qualquer lugar do planeta. Ainda vemos a tragédia, a violência, o crime como um espetáculo televisivo, midiático, de ficção, quer dizer, o que acontece é com os outros, personagens. Não nos vemos mais no espelho, não queremos enxergar as nossas psicoses, nossa frustrações e ressentimentos. O inferno são os outros? Duvido, o inferno somos nós e nosso comportamento inaceitável. Sempre vemos a tragédia como mais um episódio de uma série de TV  estilo Dexter, que todos adoram. Parece que sempre esperamos pelo próximo espetáculo regado a sangue e lágrimas e sempre nos esquecendo que os personagens da tragédia somos nós ou, pelo menos, o nosso espelho distorcido pela maldade e insensibilidade. Estou magoado com a pouca repercussão do acidente com o microonibus, nas ruas, entre a sociedade, não a mídia, que adora ver sangue como espetáculo. Não vi, não ouvi pessoas dizendo nada ou lamentando nada sobre o episódio nos lugares que frequento, que são muitos. Não vi grande repercussão nas redes sociais, se bem que não procuro, por discrição, saber muito o que as pessoas postam em seus perfis, mas, notícias de grande gravidade, antigamente, pelo menos, repercutiam com grande intensidade. Mas rede social... Aqui, é assim, vem uma tragédia, vai outra, como um BBB qualquer... Hoje, não é cool por aqui chorar pela dor alheia, pois a dor, é uma coisa dos outros e "os outros são os outros e só" (?)... Pra que se preocupar? Repito: a sociedade brasileira está profundamente doente. Mas quem se importa?

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